01 novembro, 2008

Expansão do terminal de contentores de Alcantara


A Liscont recusa que a expansão do terminal de contentores de Alcântara crie uma muralha de aço entre a cidade e o rio Tejo. Contra uma multidão de críticas, a empresa,maioritariamente detida pela Mota-Engil, arranca com o projecto nas próximas semanas.
Ontem, a empresa apresentou o plano de alargamento do terminal, que prevê a triplicação do espaço – passará a ter capacidade para receber até um milhão de contentores/ano, em vez dos actuais 300 mil. A Liscont faz porém uma ressalva: "Não são um milhão de contentores empilhados, mas o número de contentores que passam por aqui rotativamente", disse Eduardo Pimentel, administrador da Mota-Engil.
O impacto visual do projecto tem centrado a polémica em redor da obra. Mas as críticas são refutadas pela Liscont, que alega que "não haverá nem mais um contentor em altura em relação aos existentes". Os contentores são empilhados em média em quatro alturas, podendo ir até cinco, o que corresponde a 13 metros de altura. Eduardo Pimentel lembra que as obras incluem a demolição dos edifícios entre a vedação norte do terminal e a Doca do Espanhol, que "são mais altos do que as pilhas de contentores".
A intervenção vai arrancar até ao final do ano, sendo que o prolongamento (500 metros para montante) e alinhamento do cais vai decorrer entre 2010 e 2013. O projecto prevê ainda a ligação em túnel da linha ferroviária de Cascais à Via de Cintura Interna, podendo os dois comboios diários que escoam contentores passar a ser 15.
A administração do Porto de Lisboa prevê gastar 220 milhões de euros com o projecto, a Liscont aponta para 226 milhões.

CONCESSÃO: A Mota-Engil Ambiente e Serviços justificou a prorrogação por 27 anos do contrato de concessão do terminal de Alcântara com a necessidade de amortizar o investimento do concessionário.

O QUE MUDA

1 DEMOLIÇÃO: Dois edifícios vão ser demolidos do actual terminal para dar lugar a mais contentores.
2 IMPACTO: A Liscont assegura que não serão empilhados mais que 5 contentores, como já acontece.
3 EXTENSÃO: Terminal vai crescer 500m para montante, com capacidade para um milhão de contentores.

CRUZEIROS PARA SANTA APOLÓNIA EM 2010
Os cruzeiros que hoje atracam no terminal de contentores de Alcântara vão continuar a seguir o mesmo percurso até 2010. Segundo fonte da Mota-Engil, o cais de acostagem para navios de cruzeiro que está a ser construído em Santa Apolónia estará concluído "em meados" desse ano. Nessa altura, o tráfego que atraca no terminal de Alcântara será transferido para o novo cais. O terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, que representa um investimento de 45 milhões, vai integrar ainda um hotel com dois pisos, uma área de escritórios, zonas comerciais e de estacionamento.

PETIÇÃO É HOJE ENTREGUE A JAIME GAMA
A petição contra a ampliação do terminal de contentores de Alcântara vai ser hoje entregue ao presidente do Parlamento, Jaime Gama.
A recolha de assinaturas arrancou na segunda-feira de uma iniciativa de um movimento liderado por Miguel Sousa Tavares. Em 36 horas estavam reunidas as quatro mil assinaturas necessárias para o documento ser apreciado. O movimento quer ver revogado o decreto-lei que prevê a ampliação do terminal por considerar que ele cria uma barreira entre os cidadãos e o rio Tejo.

REACÇÕES

MANUEL ALEGRE, DEPUTADO SOCIALISTA
"Não sei que benefícios o projecto de ampliação do terminal de contentores do porto de Lisboa em Alcântara pode trazer aos cidadãos. Sei que lhes tira rio, espaço, paisagem, bem-estar. E também o direito à beleza que faz parte dos direitos de cidadania. E qual a opinião do Ministério do Ambiente sobre os impactes ambientais das transformações que se pretende levar a cabo com a ampliação do terminal?"

GONÇALO RIBEIRO TELLES, ARQUITECTO PAISAGISTA
"O problema deste projecto é que ainda não há uma revisão do Plano Director Municipal (PDM) em Lisboa. Primeiro, teria de se concluir o PDM, depois estudar todo o vale de Alcântara e só depois decidir onde devem ficar as coisas. Corremos o risco de um problema grave de inundações porque não se pensou na resolução de todo o vale de Alcântara no que diz respeito à circulação da água e do ar."

LUÍS RODRIGUES, DEPUTADO DO PSD
"A concessão do actual termina em 2015. O Tribunal de Contas, na sua análise à Administração do porto de Lisboa, apontou que a sua capacidade não está esgotada. Existe capacidade instalada, nomeadamente no Terminal 2 de Setúbal, que só está aproveitado em cinco por cento, além do porto de Sines. Não há um estudo que diga que o terminal tem de ser aumentado. É um negócio em fim do ciclo."

in "Correio da Manha"

2 comentários:

Fazendas disse...

Estamos em grande nesta 2ª feira já vi....

NunoC disse...

2ª não, esta ja veio de sabado...