A presente situação nas costas ao largo da Somália expõe uma verdade insofismável: os navios das marinhas modernas são demasiado grandes, pesados e complexos para este tipo de ameaça. Isto mesmo foi revelado pelo recente incidente com o Maersk Alabama. De um lado, temos Senhores da Guerra, mais ou menos ligados a grupos terroristas islamitas somalis e que a partir da segurança das suas bases na costa enviam pequenos grupos de piratas, armados de AK-47 e RPG-7 atacar e capturar cargueiros que passem ao largo da sua costa. Estes piratas, operando a partir de pequenas embarcações ou de barcos de pesca, obrigam à manutenção na região de uma grande força naval internacional, num custo que é tremendo e que ascende a vários milhões de dólares mensais (sem contar com o preço dos resgates e dos atrasos nas entregas de mercadorias). Contra estas pequenas embarcações, a Marinha dos EUA alinhou com um cruzador CGN 25 Bainbridge um navio de grandes dimensões, e por isso caro de manter e de construir, mas capaz de transportar vários pelotões de SEALs e de pequenas embarcações rápidas, para além de mini submarinos capazes de levar um grupo de SEALs na maior discrição até ao navio sequestrado e resgatar quaisqueres prisioneiros com baixas mínimas. Mas, na verdade tudo isso poderia ser assegurado por um cargueiro - apenas ligeiramente armado - mas rápido e provido de abundante equipamento de comunicações e deteção, uma espécie de navio especializado de combate a piratas, muito mais barato que estes pesados cruzadores concebidos na Guerra Fria e por isso mesmo, raros e insuficientes…
A única forma de realmente combater militarmente esta ameaça não é de a de enviar fragatas, destroyers e cruzadores atrás destes piratas que operam a partir de barcos de pesca ou de lanchas rápidas. É fazer com que todos os navios que cruzem estas águas naveguem em comboio, é colocar na região vários aviões de vigilância e colocar entre os comboios navios de guerra pequenos, rápidos e defendidos por pequenos grupos de fuzileiros. Manter uma tal estratégia ficará a apenas uma fração do custo atual de manter uma frota multinacional datada da Guerra Fria na região, com uma eficácia muito maior… já que tantos navios indianos, chineses, europeus e norte-americanos não conseguiram deter a captura de quase 30 cargueiros só nos primeiros três meses deste ano por parte dos piratas somalis.
E esta estratégia “ligeira” nem tem que ser necessariamente conduzida pelos governos nacionais… como quem em estado a suportar o essencial destes custos com resgates têm sido as Seguradoras, não deve faltar muito tempo até ver flotilhas de barcos ligeiros e rápidos, guarnecidos com mercenários pagos por estas empresas a patrulhar comboios como aquele que antevejo no capítulo anterior. E isto vai acontecer inevitavelmente quando o primeiro pirata perder a cabeça e disparar uma rajada de AK-47 ou um RPG sobre um petroleiro carregado e este… explodir causando um prejuízo de biliões de dólares à seguradora. Algo que - a este ritmo - irá acontecer dentro de muito pouco tempo. Até esse momento, as Seguradoras nada farão, e confiarão nos orçamentos de Defesa dos Estados para que estes continuem a fazer um trabalho que no essencial, lhes diz diretamente respeito. E aos nossos impostos, que financiam estas operações, claro.
Outra solução efetiva poderá passar pelo puro e simples bloqueio naval dos portos a partir de onde as flotilhas piratas operam… Bloquear o necessariamente limitado de portos a partir de onde os somalis podem operar iria exigir um número muito inferior de meios, especialmente quando comparado com os custos e a baixa eficácia demonstrada pela atual tática de patrulhar milhares de quilómetros quadrados de Oceano… Estes bloqueios poderiam depois ser complementados pela técnica dos comboios escoltados pelos navios ligeiros e equipas de fuzileiros apoiados por aviões e UAVs de vigilância naval indicados no parágrafo anterior.
Fontes:
http://www.defensetech.org/archives/004797.html
http://www.chinadaily.com.cn/china/2008-12/17/content_7311735.htm
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