O maior construtor naval português, que integra a holding nacional das industrias da Defesa, continua a navegar em águas conturbadas, depois da saída, em Dezembro, do presidente do conselho de Administração da empresa, cargo que continua sem substituição.
A situação nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) arrasta-se há mais de dois meses, depois da saída, inesperada, de Arnaldo Navarro Machado, para uma empresa privada, o que apanhou os cerca de mil trabalhadores da empresa de surpresa. Isto porque, dias antes, na mensagem de Natal, o administrador garantia a confiança no trabalho desenvolvido pela empresa, embora não escondesse o facto de a "maioria dos armadores" terem suspendido "as suas intenções de compra de novos navios", aguardando pelo impacto da crise no transporte marítimo. Nesta mensagem, Navarro Machado também dizia ser necessário aos estaleiros encetar um processo para se tornarem mais "competitivos e eficientes", propondo mesmo algumas medidas.
Abruptamente, afirmam alguns trabalhadores, a empresa foi surpreendida com a saída do administrador, lugar que continua vago desde então, cabendo a gestão aos restantes dois elementos do conselho de administração. "É inquestionável que, nos últimos dois anos, temos sentido dificuldades acrescidas na obtenção de novos contractos para novas construções", alertava o agora ex-administrador, antevendo momentos complicados para a empresa.
Segundo informações recolhidas pelo DN, esta saída ficou a dever-se motivos profissionais, no entanto nem a empresa nem o Ministério da Defesa Nacional quiseram comentar o caso ou abordar a substituição. Certo é que em ano de crise, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo ficam condicionados em termos de liderança, numa altura em que também a carteira de encomendas está bastante reduzida. A empresa tem actualmente onze construções a decorrer, entre as quais quatro navios para a Armada (patrulhões), três porta-contentores, dois ferrys e dois mega-iates.
Com esta saída - Navarro Machado dirigia também a holding das indústrias de Defesa Empordef, tendo abandonado essas funções -, fica ainda por conhecer o prazo para a entrega do primeiro par dos já famigerados patrulhões, encomendados ainda por Paulo Portas, e que estão em água desde 2004. A entrega deste primeiro par, devido a várias exigências impostas pela Armada, tem vindo a ser atrasada sucessivamente e constitui um verdadeiro pesadelo para a empresa, que não consegue avançar para a construção dos restantes seis navios.
In DN
23 fevereiro, 2009
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2 comentários:
Amigos, Made In Portugal...
Infelizmente tem toda a razao.
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