A 24 de Maio de 2004, os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) receberam um dos mais importantes prémios da construção naval europeia, distinguindo o trabalho realizado no ferry Lobo Marinho, que seguiu para a Madeira. Cinco anos depois, um outro ferry, de menor dimensão, mas também para uma região autónoma, ameaça ficar encostado à doca, perante o desalento dos trabalhadores.
"Deixamos de saber construir navios em quatro anos? E os alemães, que nos continuam a preferir, porque será?", insurgiu-se, junto do DN, um dos trabalhadores da empresa e que diariamente tem que "conviver" com o Atlântida, ferry encomendado e agora rejeitado pelo governo regional açoriano. Carlos César reclama a devolução de 30 milhões de euros já adiantados à empresa, com a administração dos ENVC a admitir que precisam com urgência de 60 milhões de euros.
Há cinco anos, o Lobo, construído em 2003, recebia o "Óscar" da construção naval pela Royal Institution of Naval Architects, do Reino Unido. Um navio encarregue das ligações entre a Madeira e o Porto Santo, cujo projecto foi inteiramente desenvolvido em Viana.
Ao contrário, o Atlântida resultou de um projecto russo, imposto pelo armador à empresa de Viana do Castelo, e que se revelou desajustado. A empresa viu-se obrigada a constantes alterações ao projecto inicial para garantir segurança e outras condições de navegabilidade, o que resultou na redução de 1,4 nós na velocidade máxima - motivo suficiente para o Governo dos Açores o devolver. O futuro da empresa é incerto e, segundo o ministro da Defesa, está dependente de uma parceria internacional em negociação. O Atlântida, descrito pelos trabalhadores como um "paquete de luxo" e que dispõe, entre outras valências, de casino e infantário, vai continuar parado na doca.
In DN
Sem comentários:
Enviar um comentário