04 maio, 2009

Somália: Dois dias após fragata portuguesa ter evitado sequestro de petroleiro

Os piratas somalis que semeiam o caos no Golfo de Áden e no Oceano Índico sequestraram ontem pelo menos mais dois navios de carga, um dos quais levava a bordo veículos da ONU. Estas acções acontecem um dia depois de a fragata portuguesa ‘Corte-Real’, que comanda a força da NATO na região, ter evitado o sequestro do petroleiro norueguês ‘MV Kition’.

"Sequestrámos um navio transportando equipamento industrial e carros brancos com o logotipo da ONU", afirmou à agência Reuters um pirata, que disse chamar-se Hussein. Alegadamente, trata-se de uma embarcação ucraniana.

Numa acção separada, foi sequestrado, a norte de Madagáscar, o ‘MT Ariana’, navio grego com pavilhão maltês, propriedade da Seven Seas Maritime, sediada em Londres. O cargueiro leva a bordo 35 mil toneladas de soja e rumava do Médio Oriente com destino ao Brasil. Os 24 tripulantes a bordo, todos de nacionalidade ucraniana, foram feitos reféns.

Entretanto, o comandante Santos Fernandes, porta-voz da força da NATO, afirmou que após a detenção por fuzileiros portugueses de 19 piratas fortemente armados, na sexta-feira, foram apreendidas armas e explosivos de grande potência, "capazes de abrir um buraco no casco de um navio e afundá--lo". "É a primeira vez que vemos estes explosivos na posse dos piratas. Normalmente eles usam apenas AK-47 e RPG", explicou o comandante, não antevendo, apesar disso, uma escalada na violência dos sequestros.

'CORTE-REAL' NÃO PODE PRENDER

A intervenção da fragata ‘Corte--Real’, que sexta-feira impediu o sequestro de um petroleiro norueguês ao largo da Somália, não permitiu fazer detenções. Tudo porque a lei portuguesa não prevê o crime de pirataria. Ao CM, o comandante Santos Fernandes, porta-voz da força da NATO, explicou em que circunstâncias a fragata pode fazer detenções: "Pode fazê-lo se os piratas forem portugueses, se o navio vítima de ataque tiver bandeira portuguesa, ou se uma das vítimas de sequestro for portuguesa." Sobre a possibilidade de entregar os detidos a países onde os piratas possam ser julgados, o comandante explicou que isso só poderá acontecer quando a NATO tiver acordos firmados para o efeito, como acontece, por exemplo, com a força da União Europeia.

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